Quanto mais neurociência, melhor
Monica Weinberg e Maria Clara Vieira
Descobertas sobre como o cérebro assimila conhecimento começam a ser empregadas na sala de aula e têm tudo para revolucionar o aprendizado infantil
A neurociência e a pedagogia nunca conversavam. Ainda há uma distância considerável entre elas, o que não é bom, mas cada vez mais o conhecimento sobre o cérebro e como ele assimila as informações vem sendo útil para ampliar os horizontes de professores e alunos na sala de aula. “Existe um conjunto de pesquisas importantes sobre os caminhos do aprendizado no cérebro, mas não sabíamos como usar este material na classe. Eu mesma, quando fiz faculdade, sentia falta desse conhecimento nos clássicos da pedagogia”, diz Kátia Chedid, que acabou se especializando justamente em neurociência aplicada — assunto sobre o qual dará um curso online, promovido pela ONG Comunidade Reinventando a Educação. A seguir, algumas das descobertas científicas que podem tornar a educação mais atraente e eficaz.
SENTIDOS A TODA
O bom professor é aquele que consegue fazer a matéria não desaparecer da cabeça do aluno, ajudando o conteúdo a migrar da memória de curto prazo (que dura entre 4 e 6 horas) para a de longo prazo. Uma técnica que dá resultado é acionar mais de um sentido ao mesmo tempo, com iniciativas simples, como oferecer uma rodada de tacos na aula de espanhol.
BRINCANDO E APRENDENDO
Está comprovado que estimular brincadeiras que tenham o aprendizado como objetivo final é um método de ensino eficiente. Não se trata de passar a aula contando piadas, claro, mas de usar a diversão a favor do aluno. Quando a criança sorri, o cérebro é inundado de endorfina e serotonina, neurotransmissores que dão sensação de bem-estar e facilitam a memorização daquele conteúdo.
COM LEMBRANÇAS, COM AFETO
O afeto é um poderoso aliado da educação, pois conecta o conteúdo dado em sala de aula à vida do aluno fora dela. Na aula de biologia, por exemplo, o professor pode pedir que as crianças levem fotos de seus animais de estimação. Vai ajudar a reter o conhecimento e deixar a classe feliz.
HORA DO INTERVALO
Está provado que ninguém, nem adultos, consegue se concentrar totalmente em um assunto por mais de 20 minutos. Com crianças pequenas, este tempo é ainda mais curto. A solução é alternar as atividades com intervalos e preenchê-los com alguma atividade recreativa que tenha relação com a matéria.
MUDANÇA DE CENA
Um estímulo positivo a para que as crianças pequenas se interessem pelo ambiente escolar é promover mudanças constantes nele. Trocar as cadeiras de lugar, colocar novos quadros e trabalhos da parede, fazer um rodízio de salas e dar uma aula com todo mundo sentado no chão ajudará o aluno ficar mais atento ao que lhe está sendo apresentado.